Brigada Antiterrorista investiga empresa árabe na área de Sintra

O 'site' da empresa
Brigada Antiterrorista investiga empresa árabe na área de Sintra
joão miguel tavares
A Brigada Antiterrorista foi ontem chamada a intervir num prédio de escritórios nos arredores de Sintra, onde foi descoberto material suspeito de origem árabe. Para além de variado material informático, as autoridades encontraram um exemplar em árabe de Mein Kampf - obra magna de Hitler e manifesto ideológico do nazismo, cuja publicação está interdita em Portugal -, o Alcorão, um elevado número de cassetes, documentação variada e uma revista aberta nas páginas que relatavam os recentes atentados de Londres.A descoberta de todo este material aconteceu por mero acaso, e até ao momento não foram efectuadas quaisquer detenções. A empresa Multayman Importação--Exportação SA foi alvo de um arresto por dívidas a terceiros e quando a PSP se apresentou nos escritórios da empresa, a meio da manhã de ontem, deparou com todo o material suspeito. Não se encontrava ninguém nos escritórios, mas a acção judicial foi interrompida de imediato e a PSP chamou a Brigada Antiterrorista, que se deslocou até ao local.
O Ministério da Justiça confirmou o achado ao DN, no decorrer de uma "acção de penhora" levada a cabo pela PSP. Fonte oficial confirmou também que a Polícia Judiciária apreendeu alguns documentos e que, neste momento, se encontra a "analisá-los". A mesma fonte não quis, contudo, especificar a natureza das apreensões, nem se elas estão de algum modo relacionadas com qualquer grupo fundamentalista que se mova na esfera da Al-Qaeda.
empresa suspeita. A empresa Multayaman Importações-Exportações SA é detida por uma família libanesa e tem um site na Net em www.ayman-group.com, onde são exibidas ligações a Portugal, Grã-Bretanha, Egipto e Emirados Árabes Unidos. Aí também se encontram referências a uma série de empresas que farão parte do "grupo", em áreas como a informática, os transportes ou a construção civil (ver caixa). Contudo, os diversos links das páginas não têm qualquer sequência, excepto no caso de uma empresa informática, a Compuayman, que afirma vender DVD e CD graváveis e tem sede num armazém de Sintra. O DN tentou contactar a Compuayaman mas só encontrou um gravador de chamadas.
Uma simples pesquisa no Google não detectou qualquer entrada relativa às empresas referidas, e uma pesquisa no site da Câmara do Comércio e Indústria Árabe-Portuguesa não detectou qualquer referência à Multayaman ou alguma das suas subsidiárias. Ela terá, no entanto, participado, em Março de 2004, num Salão de Informática na zona da Batalha.
O DN não conseguiu apurar a origem das dívidas que terão ordenado a emissão de uma providência cautelar e o arresto dos bens da Multayaman. Mas sabe que o arrendamento do escritório onde a empresa supostamente exercia a sua actividade foi saldado de forma muito pouco usual a família libanesa pagou três anos de renda antecipadamente, de uma só vez, e em dinheiro.
ligações portuguesas. Até ao momento não há qualquer pista sólida que ligue Portugal às movimentações da Al-Qaeda ou de grupos que lhe estejam associados. No entanto, houve vários casos de passaportes portugueses falsificados, apreendidos tanto em casos de criminalidade comum como em suspeitos de terrorismo. Nalguns casos a fraude é agravada por ter havido roubos de documentos oficiais em consulados e embaixadas, sendo o caso mais grave o assalto à Embaixada Portuguesa no Pa-quistão, no fim dos anos 90. No passado fim-de-semana, numa investigação relacionada com os atentados terroristas de 7 e 21 de Julho, foi encontrado um saco suspeito em Londres com vários documentos falsificados, um dos quais era um passaporte português.
O DN tentou ainda contactar a Polícia Judiciária e o SIS a propósito das apreensões de ontem, mas ninguém se mostrou disponível para prestar quaisquer esclarecimentos até ao fecho da edição.
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